Ledo engano.

Diga-me com quem andas que te direi quem tu és: 

ditado popular muito usado por pais e mães zelosos para impedir que seus filhos andem em más companhias. Para dar credibilidade ao sermão, dizem ser bíblico.
Não não, Jesus não diria isso.
É certo que, estando consciente, você escolhe o mesmo caminho de quem leva mau-caráter escrito na testa, e a dúvida evidente nos atos, você tem grandes probabilidades de ser julgado de forma igual.
Mas no mundo atual, a vida imita a arte: Atores gregos usavam máscaras para dar significado aos papéis que estavam representando. Com essa técnica, um mesmo ator podia representar vários papéis, bastando para isso segurar diante do rosto a máscara do personagem e trocar de máscara de acordo com a evolução da história. Às vezes um só ator conseguia “dialogar”, alternando rapidamente duas máscaras sustentadas por um pequeno cabo de madeira.

Muitos adotaram essa técnica teatral e trazem consigo no cotidiano.
E nesse mundo tão mascarado, como conhecer realmente alguém a ponto de dizer quem ela é?
As situações são adversas e as reações inesperadas. As pedras vêm de quem se esperava flores. A mentira nasce no mesmo jardim onde colhíamos verdade todas as manhãs.
A estrada que achava ser estreita, onde caberiam somente as pessoas que andavam na mesma direção que eu, se mostra larga, com mão dupla, e percebo que cabiam ali todos os outros eus escondidos de quem acreditei conhecer.
O final da atuação de um mascarado pode demorar. A face verdadeira do ator interpretando uma vida pode custar a aparecer e eu descobrir que passei longos dias andando ao lado dele.
Posso eu, ser julgada por isso?